quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

FINALMENTE, CUZCO


No dia 29 de dezembro saímos às 8:30h de Puerto Maldonado, sabendo que teríamos uma viagem e tanto pela frente. E, de fato, apesar de grande parte da Estrada do Pacífico estar asfaltada, levamos 12 horas para percorrer os 500km que nos separavam de Cuzco.
O trajeto passa por trechos mais preservados da Amazônia peruana e acompanha rios caudalosos que, de barrentos vão se tornando cristalinos, à medida que prossegue a subida da Cordilheira dos Andes. Saímos de uma altitude de 200m e subimos até 4700m, o ponto mais alto do percurso; depois descemos uns 1.000m para chegar a Cuzco. Ainda há uns poucos locais nos quais a travessia é feita por dentro do rio.

Nos povoados e pequenas cidades existentes pelo caminho nem sempre há postos de gasolina, aqui chamados de Grifo. Há postos em Mazuco, Marcapata e Ocongate. Abastecemos em Quincemil, onde não há posto, mas se vende combustível em um mercadinho que fica na própria estrada.
No percurso, trechos de terra e de lama, chuva, vestígios de neve, picos nevados, muito frio, alguma fome, já que só beliscamos o que tínhamos nos jipes, um pouco de mal estar provocado pela altitude e paisagens de tirar o fôlego, literalmente, já que o ar rarefeito dificulta a respiração. Na região se avistam as mulheres peruanas que usam no cotidiano roupas típicas da Cordilheira, com chapéus e saias rodadas e coloridas, muitas carregando bebês ou lenhas às costas, em mantas igualmente coloridas.
















































Mas a emoção mais forte ficou por conta dos sustos com dois trechos interrompidos por queda de barreira e obras inacabadas, mas que, felizmente, não eram por onde deveríamos passar. É que sem qualquer sinalização ou aviso, chegamos a esses trechos interrompidos pensando que seguíamos o caminho para Cuzco, mas, thanks God, estávamos enganados. Ufa! Chegamos a achar que nosso tão esperado e já reservado Año Nuevo tinha ido para o brejo.

Chegamos à caótica periferia de Cuzco por volta de 20:30h e não tivemos muita dificuldade para encontrar nosso Hotel, o San Agustin Eldorado, na Av. do Sol, a uma quadra e meia da lindíssima Plaza de Armas, no Centro Histórico de Cuzco. Um ótimo, confortável e bem localizado hotel, com um serviço excelente e quartos muito bons. Recomendamos.

Por dois séculos, Cusco e seus arredores foram a terra dos incas. Houve 13 imperadores incas, começando por Manco Cápac, o Filho do Sol, que fundou Cusco no século 12.







A Plaza de Armas é o coração de Cusco. Inti Raymi, o Festival do Sol, era celebrado aqui todos os anos. Pizarro reinvindicou Cusco para a Espanha na Praça de Armas e o rebelde Tupac Amaro II, lider de uma rebelião indígena, foi aqui decaptado em 1781. Os arcos de pedra refletem a influência espanhola, assim como a catedral e a igreja jesuíta de La Companhia, confundida com a famosa catedral, devido à sua elaborada fachada.







À noite, durante o jantar, teve quem dormisse, mas também teve quem se empolgasse com o uso da folha de coca...




















O dia de hoje, 30 de dezembro, foi light, por causa do cansaço da viagem e da altitude. Nós, da turma da Land, enquanto os Coutinhos aproveitavam o dia livre, fizemos o mesmo, passeando pelo Centro Histórico, onde almoçamos em um restaurante excelente, o Limo, em um dos cantos da Plaza de Armas – tem um ceviche delicioso, carne de alpaca e um lomo salteado fantástico. À tarde passeamos pelas lojinhas repletas de produtos de prata e de lã de alpaca, enquanto Marcelo e Coutinho tratavam de comprar as passagens de trem para Machu Picchu, nosso destino de amanhã.

CHEGANDO AO PERU

De Brasileia, no dia 28 de dezembro, partimos rumo a Assis Brasil, pequena cidade às margens do rio Acre onde há uma tríplice fronteira – Brasil, Peru e Bolívia. Em nossa expedição de 2005/6, atravessamos os jipes em uma balsa improvisada com canoas. Desta vez, o progresso nos obrigou a atravessar a Iñapari – cidade fronteiriça – por uma moderna ponte recém construída.





Na aduana peruana havia tão-somente um funcionário realizando os trâmites – o infeliz levou DUAS HORAS para desembaraçar nossos documentos, quando pudemos exercitar nossa paciência de chinês aposentado. Tudo resolvido, após trocarmos dólares por soles, enfrentando um calor de 40º para almoçar alguma coisa em Assis Brasil, iniciamos nosso trajeto rumo a Puerto Maldonado, capital do Departamento de Madre de Dios.




Foram 230 km de asfalto tinindo de novo, porém, repleto de quebra-molas, não se sabe ao certo para que, já que quase não há povoados no caminho. Constantemente nos deparamos com cartazes mostrando fotos da estrada em 2005 (quando estivemos por aqui) e de agora, evidenciando que antes, para os viajantes que gostam de aventura, era infinitamente melhor...











Puerto Maldonado fica na confluência dos rios Tambopata e Madre de Dios, o que exige travessia de balsa – sim, já estão providenciando uma gigantesca ponte que acabará com mais essa peculiaridade da viagem... rs.











A cidade é insólita, pois infestada de motos e de peculiares pseudo-motos chamadas torito, o que nos dá a nítida impressão de estarmos em alguma cidade da Índia, de onde são importados os... veículos. Pitoresca a foto ao lado, que mostra um menino em um torito brincando de puxar seu chinelo.



Por volta de 6 da tarde demos entrada no Wasaí Lodge, um delicioso hotel “de selva” às margens do rio, com cabanas super confortáveis no meio da mata, onde nos deliciamos com um bem preparado jantar e, no dia 29, caprichamos no café da manhã, nos preparando para a travessia dos Andes, no dia seguinte, trecho no qual sequer almoçaríamos.






segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

RUMO AO PERU

Ontem, dia 27 de dezembro, seguimos em frente e fizemos a travessia do rio Madeira em balsa. No trajeto muitas castanheiras solitárias. A Castanheira do Brasil é protegida e, por isso, nos desmatamentos, costuma ser deixada em pé; mas sofre, sem a proteção do restante da floresta.




A principal novidade da Expedição Inti Raymi era mesmo a chegada de Guilherme e Giulia, devidamente acomodados no banco traseiro da Land, com camas individuais e cortina instalada só para recebê-los.





Em Quinari quase erramos o caminho - é que vimos a placa de Estrada do Pacífico, que nos levará ao Peru, mas não era o ainda o nosso rumo - era alarme falso...


Dormimos em Brasiléia a 110 km da fronteira com o Peru, na Pousada Laurian, simples, mas espaçosa e boa de ficar.

domingo, 27 de dezembro de 2009

O ENCONTRO

Na manhã do dia 26 nos encontramos com os Coutinhos e as felicitações pelo aniversário da Mahima rolaram em plena estrada mesmo, no trevo de acesso ao Cabixi.

Seguimos para Porto Velho e a bendita da mangueira do turbo da Land resolveu soltar de novo. Desta vez, entretanto, contamos com a astúcia do Coronel e sua dica de prender a dita cuja com arame. De quebra, ainda nos ensinou o nome certo da peça que chamamos de braçadeira: abraçadeira. Pois é, o nosso professor de matemática também manda bem nas aulas de português.

Valeu, Coronel, nos reunimos em boa hora! O arame funcionou e ainda aprendemos o nome correto da pecinha que abraça as coisas. E por falar nisso, deixamos aqui o nosso abraço e vamos tratar de buscar nossos meninos Guilherme e Giulia no aeroporto aqui de Porto Velho. Até a próxima postagem, pessoal.

sábado, 26 de dezembro de 2009

PORTAL DA AMAZÔNIA




Ontem rodamos aproximadamente 1000 km, de Primavera do Leste, no Mato Grosso, a Vilhena, em Rondônia. No caminho, muita soja e muitos animais silvestres atropelados (ou bichinhos, como Mahima prefere dizer): um tamanduá bandeira, muuuuitos tamanduás mirins, três capivaras, um tatu, um macaco... e dois pássaros suicidas que entraram na frente da Land... A divisa de Mato Grosso com Rondônia é considerada o Portal da Amazônia, mas floresta mesmo que é bom não se vê por aqui.

À noite falamos com os Coutinhos, que estão curtindo a fazenda Uaru em Cabixi e a comida deliciosa de Nega. Nós, menos afortunados, pedimos uma quentinha na Domenico Pizzaria para comermos no glorioso Hotel Mirage. Hoje seguiremos todos juntos rumo a Porto Velho, onde pegaremos Guilherme e Giulia, que chegam de avião.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

COM O PÉ NA ESTRADA

Zarpamos hoje, enfim, saindo da SQS 316, por volta das 8:30.

Como sempre, levou um tempo para acabar de carregar o jipe - o Marcelo levantou de madrugada para arrumar tudo o que faltava. Depois de uma checagem geral, botamos o pé na estrada!






Mal saímos, paramos. Problemas em uma mangueira do turbo, que o Marcelo recolocou no lugar. Saímos e paramos de novo e depois mais uma vez, até que o Marcelo conseguiu ajeitar a abraçadeira da bendita, depois de esperar o motor esfriar um pouco.
Aí, sim, seguimos pra valer até chegar a Primavera do Leste, em Mato Grosso. Estamos no Hotel Tropical, bastante interessante pra nós, já que a Land está na porta do quarto, uma mão na roda para ajustes finais.
Por hoje é só. Estamos doidos para dormir e esperar Papai Noel. Um ótimo Natal para todos, com muita paz e harmonia.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

MACHU PICCHU E OS INCAS

Todo nosso roteiro é fortemente marcado pela influência da cultura inca. O nome da nossa Expedição – INTI RAYMI – é uma homenagem aos incas e seu Festival do Sol, comemorado até os dias de hoje, no solstício de inverno.

Quando os espanhóis chegaram, o Peru já era berço de civilizações há 15000 anos. Em 1300 d.C. o povo chimu ergueu sua capital em Chan Chan, a maior cidade de adobe das Américas. Em 1438 começa a expansão de Tahuantinsuyo, ou Império Inca. Em menos de um século esta pequena tribo de Cuzco se torna o império mais extenso das Américas, estendendo-se do Chile ao Equador. Entre 1532 e 1534 os espanhóis liderados por Francisco Pizarro derrotaram os incas em Cuzco.

Em 1821, José de San Martín proclama a independência do Peru, tornada efetiva em 1824 quando, ajudados por Simón Bolivar, os peruanos derrotaram os espanhóis.

Somente em 1911 o arqueólogo americano Hiram Bingham descobre Machu Picchu, a enigmática cidade inca que visitaremos quando de nossa estada em Cuzco.


O MAL DA MONTANHA

O viajante que vai encarar altitudes como as dos Andes deve se precaver do mal-estar provocado pela altitude (soroche). Na Bolívia, por exemplo, o Altiplano tem uma altitude média superior a 4.000m e a rarefação do oxigênio exige a redução de esforços físicos, sobretudo nos primeiros dias.

Se não der para ir subindo por etapas é indispensável que as primeiras horas sejam de adaptação, evitando-se maiores esforços. A ingestão de mate de coca, bebida local, é indicada para combater o mal-estar provocado pela altitude.



Nós optamos por incluir um cilindro de oxigênio entre os equipamentos da INTI RAYMI, até porque já o utilizamos em duas ocasiões na Expedição de 2006, a Pachamama - uma na subida da Cordilheira e outra em Cuzco. Em ambos os casos o mal-estar surgiu depois de esforço físico.


Para quem tiver interesse nas dicas sobre documentos, equipamentos, preparativos, agasalhos e acessórios indispensáveis a uma viagem aos Andes é só dar uma olhada em nosso blog anterior http://www.karukinka2008.blogspot.com/ e encontrará tudo lá.


Hoje pela manhã os Coutinhos Dalva e Erivaldo já zarparam para passar o Natal no Cabixi. Em breve nos reuniremos lá por Rondônia. Nós, Marcelo e Mahima, pegamos a estrada no dia 24. Temos muita tralha para ajeitar na Land até lá. Ainda bem que instalamos dois Thules.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A INTI RAYMI É CARBON FREE


A INTI RAYMI é uma Expedição Carbono Neutro. Como não queremos contribuir com essa história de aquecimento global, tratamos de plantar 66 árvores nativas do cerrado para neutralizar a emissão de carbono de nossos jipes, que rodarão aproximadamente 16.000 km.


As árvores foram plantadas em área degradada por uma antiga cascalheira, na Quadra 25 do Park Way, em Brasília, na APA (Área de Proteção Ambiental) dos Ribeirões do Gama e Cabeça de Veado, em homenagem à Professora Jeanine Felfilli, que nos auxiliou no plantio que fizemos em nossa Expedição anterior e que em Julho, tão prematuramente, nos deixou.

A recuperação dessa área integra um dos projetos do CRAD – Centro de Referência em Recuperação de Áreas Degradadas, criado por Jeanine na Universidade de Brasília. A turma pretende criar um Parque com seu nome – nada mais justo. O plantio ocorreu sob o comando de Anthony Brandão, do Instituto Vida Verde, e de Christopher William Fagg, marido de Jeanine. Na área do plantio havia muito entulho e pedra, mas pegamos no cabo da enxada e encaramos a pedreira. A caçula da nossa INTI RAYMI, Giulia, era uma das mais entusiasmadas.

Bolívia, 2006


Neste último fim de semana antes da partida fizemos os acertos finais com os Coutinhos, que seguem amanhã para a Fazenda Uaru, em Rondônia, onde se encontrarão com Andrea, que lá já se encontra visitando seus pais, Dimas e Nega. No dia 26 de dezembro nos reuniremos em Vilhena para seguir até Porto Velho, local onde pegaremos nossos Gui e Giulia, que virão de Gramado, deixando a INTI RAYMI completa e pronta para zarpar rumo a Cuzco, onde passaremos o Ano Novo.

sábado, 19 de dezembro de 2009

QUEM SOMOS NÓS


A Expedição INTI RAYMI, de Brasília ao Equador, possui 7 integrantes divididos em dois jipes: o casal Marcelo e Mahima, acompanhado dos irmãos Guilherme, 15 anos, e Giulia, 12 anos, filhos do Marcelo; Coutinho e Dalva que, desta vez, contam com a companhia de sua sobrinha Andrea.



Marcelo, Guilherme, Giulia, Mahima, Dalva e Coutinho
(Península Valdez, jan/2008)


Marcelo, Mahima, Guilherme e Giulia viajam a bordo de um Land Rover Defender 110; Coutinho, Dalva e Andrea em um Suzuki Gran Vitara. Dalva e Mahima curtem o zen. Dalva é professora de yoga e Mahima – nome oficial Marta Eliana – é ambientalista e adepta da meditação. Os jipeiros Marcelo e Coutinho formam uma dupla com muitas horas de estrada.








Dalva, Mahima, Dimas e Andrea (Cabixi-RO, 2005)


Outras de nossas expedições tiveram como destino a Terra do Fogo (2004 e 2008), o Perú e a Bolívia (2006), além de algumas ao Jalapão e aos Lençóis Maranhenses.


Subindo a Cordilheira dos Andes, rumo a Cuzco, 2006
O ROTEIRO

Não dá para esconder, somos completamente apaixonados pelos Andes. Lá vamos nós, de novo, curtir a Cordilheira que há muito vem nos fascinando, como o fez durante nossa última grande expedição à Patagônia, a Karukinká, em 2008.

Desta vez, sairemos de Brasília e seguiremos até o Acre onde, na cidade de Assis Brasil, atravessaremos a fronteira para Iñapari, no Perú.
Cuzco, Machu Picchu, Nazca, Cordilheira Branca, e os sítios arqueológicos nas redondezaas de Chiclayo, Chan Chan, cidade de adobe Patrimônio da Humanidade, Museu Tumbas Reales de Sipán, Túcume e, mais ao norte, a Fortaleza de Kuélap, são alguns dos locais que visitaremos.

No Equador, onde um trecho da Rodovia Panamericana forma a Avenida dos Vulcões, que concentra 9 dos 10 maiores vulcões do país, entre eles o Cotopaxi, o maior vulcão ativo do mundo, com 5.897m, nossos destinos são Vilcabamba, Loja, Cuenca (onde há fábricas do chapéu Panamá, que é, na verdade, equatoriano), Parque Nacional El Cajas (com seus 235 lagos), Ingapirca, Parque Nacional Sangay, Lago Quilotoa, Parque Nacional Cotopaxi, Quito e Galápagos. Assim como nós, talvez você nunca tenha ouvido falar de alguns desses lugares, mas aqui no blog poderemos descobrir juntos essas maravilhas.


Árbol de Piedra, Eduardo Avaroa, Bolívia, 2006

E ainda não acabou. Após visitar o Equador, retornaremos ao Perú, rumo ao sul, em direção a Arequipa e ao Lago Titicaca, onde ingressaremos na Bolívia e visitaremos os indescritíveis Salar de Uyuni e Reserva Nacional da Fauna Andina Eduardo Avaroa. Por fim, o Deserto de Atacama, no Chile, será nosso ponto de retorno ao Brasil, aproveitando a passagem pela Argentina para tomar um tinto na cidade de Salta.

Adesivo da Expedição